2014/02/26

Biblioteca - Novas Tecnologias



 NOVAS NOV

 
Biblioteca -Novas tecnologias




Com o advento das tecnologias da informação, o ambiente da biblioteca passou por mudanças significativas, colocando em questão a ideia de espaço físico, que de real, cada vez mais assume uma dimensão virtual. Atualmente é neste ambiente virtual que a informação é tratada, armazenada e disponibilizada para ser recuperada com a rapidez e mobilidade que só se fez possível a partir do acesso virtual (cfr. Araújo, 2001).

O avanço tecnológico provocou nas bibliotecas uma nova dimensão física, fazendo alusão à forma virtual. A biblioteca digital, desta forma, assume vários desafios no que diz respeito à formação de utilizadores, à qualificação de profissionais especializados no armazenamento e à disseminação de informação.

O gestor de informação, vulgarmente designado bibliotecário, teve de se adaptar a novas formas de trabalho. Desta forma, todo o trabalho biblioteconómico foi afetado pelos avanços tecnológicos, o que se percebe nas diversas áreas do tratamento e acesso à informação. O que caracteriza uma biblioteca, segundo Carvalho e Malheiro (2009), são os produtos e serviços em rede e, acima de tudo, a nova forma de aceder e sistematizar a (meta)informação.

A biblioteca como um organismo vivo tem a missão de contribuir ativamente na transformação da sociedade atual, devendo ser capaz de se adaptar às mudanças que se apresentam, e preparar o seu utilizador, promovendo entre outras coisas a sua inclusão tecnológica e digital. Assim sendo, é o papel da biblioteca possibilitar aos seus utilizadores a participação ativa na sociedade da atual:

“We define an information ecology to be a system of people, practices, values, and technologies in a particular local environment. In information ecologies, the spotlight is not on technology, but on human activities that are served by technology.

A library is an information ecology. It is a place with books, magazines, tapes, films, and librarians who can help you find and use them. A library may have computers, as well as story time for two-year-olds and after-school study halls for teens. In a library, access to information for all clients of the library is a core value. This value shapes the policies around which the library is organized, including those relating to technology. A library is a place where people and technology come together in congenial relations, guided by the values of the library. “ (Nardi e O'Day, 1999)

Como verificamos, Bonnie Nardi e Vicki O'Day Nardi, (Nardi e O'Day, 1999), apresentam uma perspetiva de informação muito vanguardista, ou seja, a informação assenta, por assim dizer, num sistema de pessoas, práticas, valores e tecnologias em ambientes vários - uma biblioteca é uma ecologia da informação - um lugar com livros, revistas, filmes e, acima de tudo, com bibliotecários que ajudam o cliente a procurar a informação assertiva.

Nas bibliotecas o acesso à informação para todos os clientes é um valor ético essencial. Este valor, a seu modo, molda as políticas em torno da qual a biblioteca é organizada, incluindo as tecnologias - uma biblioteca é um lugar onde os clientes e a tecnologia se unem em (co)relações agradáveis.


A rapidez na pesquisa e recuperação da informação foram fatores determinados pelo desenvolvimento tecnológico e a partir daí o utilizador tem nas suas mãos a informação que procura numa velocidade inimaginável e muitas vezes sem precisar se locomover.

No entender de Lopes e Silva (2007), a pesquisa e recuperação da informação foram beneficiadas pelas novas tecnologias, mas isto não se manifesta apenas nas bibliotecas, pois, ao serem incorporadas pelos serviços técnicos possibilitam o acesso e disseminação de várias obras de referência, bibliografias, resumos, índices, textos completos e blogs, entre outros, tornando-se numa mais-valia para utilizadores e técnico de informação.

Assim sendo, uma das características principais das bibliotecas digital é o acesso instantâneo à informação, interligando informação/cliente, de maneira a facilitar o reencontro entre as necessidades dos leitores e os acervos documentais (Nascimento, et al., 2005).

Segundo Nascimento “A avaliação de uma unidade de informação pode ser fundamentada em opiniões, cuja utilidade reside na importância em se saber como os usuários se sentem em relação ao serviço; no entanto, essa avaliação será mais útil se possuir um caráter diagnóstico, que possibilite descobrir como o serviço poderia atender melhor o público a que se destina. Qualquer procedimento avaliativo com essa característica adota melhores critérios e procedimentos objetivos, cujos resultados devem ser quantificados.” (Nascimento, et al. 2005)


Como verificamos, os clientes que opinam acerca de uma dada unidade de informação são, por assim dizer, uma espécie de diagnóstico e avaliação das redes de informação ou mesmo das bibliotecas digitais que, neste instante, pululam no espaço web. As mudanças ocorridas nas unidades de informação, em decorrência dos avanços tecnológicos nas últimas décadas, têm levado a consideráveis transformações das bibliotecas, nomeadamente, nos serviços biblioteconómicos, provocando consequentemente mudanças no perfil dos utilizadores que passam a incorporar novas formas de se relacionarem com o mundo.


A biblioteca digital permite o acesso às informações de forma instantânea, interligando informação/cliente de maneira a facilitar acessos remotos. Esta nova forma de organizar, disponibilizar e recuperar a informação tem vindo a contribuir para uma maior mobilidade cognitiva do utilizador e, acima de tudo, promover o desenvolvimento de estratégias de pesquisa em rede – a informação, desta forma, vai mais facilmente ao encontro das espectativas dos utilizadores. Como afirma Somoza Fernández e Abadal 2007), são inúmeras são as vantagens que trouxeram os avanços tecnológicos, levando o utilizador real a adquirir uma postura virtual.





BIBLIOGRAFIA:



ARAUJO, Aníbal Perea (2011). “Catálogo da biblioteca: o objeto orientado ao usuário”. [on-line]. Perspectiva em ciência da informação; Vol. 16, nº 2 (2011), p. 17-28
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-99362011000200003&script=sci_arttext> [Consult. 20 dez. 2013].


CARVALHO, Luciana Moreira; SILVA, Armando Malheiro da (2009). “Impacto das tecnologias digitais nas bibliotecas universitárias: reflexões sobre o tema” [on-line]. Informação & Sociedade: estudos; Vol. 19, nº 3 (set./dez. 2009), p. 125-132
< URL : http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/3898/3132> [Consult. 20 dez. 2013].

LOPES, Marili Isensee; SILVA, Edna Lúcia da (2007). “A Internet e a busca da informação em comunidades científicas: um estudo focado nos pesquisadores da UFSC.” [on-line]. Perspectiva em ciência da informação; Vol. 12, n.º 3 (2007) p. 21-40.
< URL: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-99362007000300003> [Consult. 20 dez. 2013].

NASCIMENTO, Raimundo Benedito de; TROMPIERI FILHO, Nicolinoi; BARROS, Francisca Giovania Freire (2005). “Avaliação da qualidade dos serviços prestados nas unidades de informação universitárias” [on-line]. Transinformação; Vol. 17, n.º 3 (2005), p. 235-251.
[Consult. 20 dez. 2013].

NARDI, Bonnie A.; O'Day, Vicki L. (1999). “Information ecologies using technology whit heart” [on-line].  First Monday: peer-reviewed  journal on the Internet;  Vol. 4, nº  5, (may 1999)
< http://firstmonday.org/ojs/index.php/fm/article/view/672/582> [Consult. 20 dez. 2013].


SOMOZA FERNÁNDEZ, Marta; ABADAL, Ernest (2007). “La formación de usuarios em las bibliotecas universitarias españolas” [on-line]. El Profesional de La Información; Vol. 16, n.º .4 (2007),   p. 287-293
[Consult. 20 dez. 2013].




S.F.

2014/02/19

Ciclo de Seminários da BAD

A Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (BAD) organiza um ciclo de seminários para 2014, que visam contribuir para a reflexão sobre a área das ciências da informação em termos teóricos e práticos. Os seminários têm início no próximo dia 25 de Fevereiro, com o tema "O Acesso aos Registos e Arquivos Administrativos na época da Internet". Para mais informações aceda aqui à página web da BAD.

2014/02/12

Peça do mês de fevereiro

Carruagem ferroviária
Maqueta de uma carruagem de caminho-de-ferro executada em chapa metálica. Tem uma forma paralelepipédica com a cobertura em arco, apresentando eixos de simetria longitudinal e transversalmente. Lateralmente destaca-se um conjunto de janelas interrompido por uma porta próxima de cada extremidade. Estas têm, inferiormente, um pequeno patim sobreposto a outro que se desenvolve ao longo da carruagem. A cobertura é atravessada por dois respiradores próximos das extremidades. Está inventariada com o número ME/400270/672 e pertence à escola Secundária Jácome Ratton. Elaborado no âmbito das aulas práticas de Serralharia, este modelo apresenta grande mestria na sua execução.
As carruagens são veículos que se destinam ao transporte de passageiros. Sofreram várias alterações ao longo dos tempos, desde o primeiro comboio onde eram abertas, até à atualidade. As transformações nos equipamentos ferroviários, sobretudo durante a segunda metade do século XIX, visaram adequar as superfícies utilizadas às novas necessidades de conforto dos passageiros.
A partir de 1830, com a expansão do caminho-de-ferro, tentou-se encontrar soluções de equipamento que visavam a melhoria das condições de transporte de passageiros. Como tal, cerca de 1858 surgem os bancos reclináveis e basculantes. Com George Pullman e Leonard Seibert, iniciaram-se as primeiras experiências para desenvolver uma carruagem dormitório. Desde então, e até aos nossos dias, a evolução foi contínua, implementando melhores formas de viajar de combóio.


MJS

2014/02/05

Preservação e Conservação na Biblioteca Joanina





Preservação e Conservação na Biblioteca Joanina


Universidade de Coimbra


Introdução

O edifício da Biblioteca Joanina alberga documentação que, a seu modo, deverá ser preservado e conservado, tornando-se desde logo o primeiro abrigo das coleções. Destacam-se, assim, vários aspetos significativos da conservação preventiva das coleções impressas, nomeadamente, o controlo de condições ambientais.
Na atualidade, a estrutura arquitetónica do edifício é vista como um elemento positivo no que diz respeito à conservação dos acervos - o edifício, como um todo, deve ser encarado como o elo muito importante da cadeia da conservação, dada a amplitude da sua área.
De facto a deterioração dos livros e documentos, cuja constituição física tanto pode conter matéria orgânica como celulósica, tem uma ligação direta com a exposição a diversos agentes de deterioração designadamente a luz, a poluição, a humidade, a temperatura ou as catástrofes naturais.
A importância das paredes e dos tetos dos edifícios que albergam as coleções deve pois revestir-se de uma atenção especial, de modo a que as características da sua construção possam contribuir para a preservação e conservação “da vida” dos documentos que as constituem. Igualmente importante para a função de preservação é o papel do espaço em que se encontra o edifício bem como o da sua envolvente.
  

A Biblioteca Joanina

A Biblioteca Joanina é uma biblioteca do séc. XVIII, situada no Palácio das Escolas da Universidade de Coimbra, no pátio da Faculdade de Direito. Sendo reconhecida como uma das mais importantes bibliotecas barrocas europeias, as suas origens remontam entre 1717 e 1728, período da sua construção, laborando na sua decoração numerosos artistas e onde se alberga um valiosíssimo acervo bibliográfico, constituído por cerca de 70 mil volumes de livros raros e antigos.

A construção do edifício da biblioteca Joanina deve o seu nome ao monarca D. João V, o Rei magnânimo, como historicamente ficaria conhecido. A sua localização geográfica está inserida num espaço na “Alta de Coimbra”, sem vegetação ao redor formando um microclima seco. Além da importância deste aspecto, esta localização foi também pensada no aproveitamento da luz natural, sendo que o edifício está orientado a sudeste a sua maior incidência solar verifica-se ao final da manhã e da parte da tarde.

O edifício é constituído por três andares, existindo um piso nobre onde se encontra guardada a maior quantidade das suas coleções e cujo interior é formado por três salas que comunicam entre si por arcos. Cada uma destas salas é constituída por estantes de dois andares, em madeiras exóticas, douradas e policromadas apoiadas em parelhas de colunas piramidais invertidas. As paredes exteriores do edifico têm 2,11 metros de espessura. O pórtico majestoso que dá acesso ao interior da biblioteca é feito em madeira de teca.



O edifício e a proteção dos documentos
“A estrutura e o equipamento dos edifícios desempenha um papel essencial na conservação dos documentos de arquivos e dos livros. A escolha de materiais de construção adequados é importante para a assegurar a sua protecção contra os elementos climatéricos (humidade, secura, iluminação solar), contra a poluição atmosférica, contra os insectos roedores e contra o fogo. O próprio local dos edifícios e a sua orientação devem ser cuidadosamente escolhidos […]” (Flieder e Duchein, 1993: 57)

Atendendo às diretivas de Flieder e Duchein (1993) e, sobretudo, às investigações de Casanovas (2006), até ao séc. XIX as condições ambientais seriam definidas pela avaliação sensorial, mais concretamente pela análise dos efeitos visíveis sobre os objectos, tomando como referência aqueles cujo comportamento podia servir de orientação, como por exemplo o caso das gavetas dos móveis que abriam mais facilmente no tempo seco ou, gravuras de papel em que aparecessem os primeiros sinais de humidade.

Os materiais orgânicos que entram na composição dos documentos em geral, torna as bibliotecas mais frágeis e facilmente deteriorareis por agentes físicos, químicos e biológicos como sejam a luz, o calor, a humidade e a poluição atmosférica, etc.

O papel, cujo constituinte essencial é a celulose, é muito higroscópico, e por isso é extremamente sensível às variações do clima: em contacto com o calor e a humidade pode oxidar-se e hidrolisar-se tornando-se muito quebradiço e amarelecido. Deste modo, torna-se necessário manter estabilizadas as condições atmosféricas no interior dos edifícios que albergam as coleções.

Os agentes de deterioração biológica: microrganismos, insectos, fungos, bactérias e roedores são os factores que provocam estragos mais frequentes nos documentos gráficos.

No que diz respeito à Biblioteca Joanina, esta assenta num edifício antigo que oferece uma grande proteção arquitetónica, embora seja desprovido de equipamentos mecânicos para controlo das condições ambientais no seu interior. Esta situação é permitida porque os materiais de construção deste edifício garantem uma proteção máxima dos documentos contra diversos agentes, designadamente, fontes luminosas, humidade, temperatura, poluição atmosférica e agentes de deterioração biológica:

 “Assim, é importante expor e guardar os objectos em ambientes higrotérmicamente estáveis e compatíveis com os diferentes materiais em presença, de maneira a mitigar o risco de danos nos objectos que constituem as colecções. Por exemplo, películas fotográficas e suportes digitais requerem armazenagem a baixas temperaturas e a baixos níveis de humidade relativa, para que seja possível assegurar a sua longevidade. Por outro lado, o pergaminho e o papel são materiais que solicitam níveis de humidade relativa a superiores a 50%, no caso de se pretender uma boa flexibilidade. Actualmente, há provas científicas que sugerem que o papel manterá a sua estabilidade química e o seu aspecto químico por mais tempo quando sujeito a valores de armazenagem baixos e constantes de temperatura (abaixo dos 10ºC) e de uma humidade relativa entre 30 a 40%.” (Catarina, 2010)

Ainda, de acordo com a Catarina (2010), nesta Biblioteca não há problemas com insectos papirógrafos devido ao facto de as estantes serem feitas de madeira de carvalho, que para além de serem muito densas, absorvem o excesso da humidade do ar, dificultam a penetração dos insectos e ao mesmo tempo emitem um odor que os repele.

No edifício da Biblioteca Joanina não há sinais de ventilação natural a funcionar constantemente mas, as salas são grandes, os tectos são altos e o edifício tem grandes janelas envidraçadas, com grossas cortinas. Em dias de mais calor recorre-se à abertura destas janelas, embora por períodos curtos de tempo - permitindo o controlo da luz solar e a circulação do ar, obtendo assim uma boa climatização no seu interior.

Um dos maiores perigos para as bibliotecas são os insectos que atacam os livros propagando-se pelas paredes e pelo ar. É muito difícil impedir completamente que os insectos penetrem nos locais de conservação, sobretudo sob a forma de ovos ou larvas microscópicas, implicando medidas de desinfestação. A Biblioteca Joanina contorna este problema de uma forma muito interessante, invulgar e eficaz, ou seja, no seu interior habita uma colónia de morcegos que durante a noite se alimentam de traças, baratas e todos os insectos danosos. Durante o dia eles permanecem escondidos entre as estantes não atrapalhando o normal funcionamento da biblioteca.

A presença dos mamíferos alados requer um cuidado adicional para prevenir danos causados pelos seus dejetos nas madeiras das mesas. Assim, todos os dias ao fechar a biblioteca, um funcionário cobre as mesas com umas toalhas de couro e de manhã remove-as e limpa o chão.





Bibliografia
CATARINA, Inês Nazaré (2010). Análise das condições higrotérmicas na Biblioteca Joanina da Universidade Coimbra. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia: Universidade de Coimbra, Departamento de Engenharia Mecânica.
CASANOVAS, Luís Efrem Elias (2006). Conservação Preventiva e Preservação das obras de arte: Condições-ambiente e espaços museológicos em Portugal. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
FLIEDER, Françoise; DUCHEIN, Michel (2006). Livros e Documentos de arquivo preservação e conservação. Lisboa: Associação Portuguesa de Bibliotecários Arquivísticas e Documentalistas.