2011/02/23

Arquitectura escolar: percursos e obras (cont.)

Continuamos, neste espaço a prestar homenagem a arquitectos que, ao longo dos anos, foram enriquecendo o património escolar português.
 
José Sobral Blanco (1905-1990) nasce numa pequena povoação da Galiza, mas desenvolve toda a sua formação em Lisboa, completando o curso de arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa na década de 1920.
No início dos anos 1930 faz parte das equipas de projectistas da JCETS – Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, no âmbito da qual participa no Plano de novas Construções, Ampliações e Melhoramentos de Edifícios Liceais aprovado em 1938.
Esta, vulgarmente conhecido por 'Plano de 38', é um projecto emblemático do Estado Novo, marcado pela ideia de 'ressurgimento material e espiritual da nação', que pretende construir 10 liceus novos e intervir em 13 existentes, e cuja execução irá estender-se por duas décadas. No seio desta equipe, José Sobral Blanco projecta e acompanha a execução de diversos liceus: Setúbal (1945), Carolina Michaelis, no Porto (1951), Oeiras (1953) e Portimão (1965).
É ainda no âmbito da Junta que se inicia o Plano das Construções para o Ensino Técnico, a partir de 1947. Sobral Blanco assina, nesta altura, os projectos de diversas escolas comerciais e industriais: Setúbal (1951), Portalegre (1953), Marquesa de Alorna, em Lisboa (1955), Torres Novas (1956) e Oliveira de Azeméis (1959). Na construção destas escolas técnicas são experimentados novos processos construtivos, embora haja uma maior simplificação e uniformização tipológica, relativamente aos projectos dos Liceus.
Em 1969, a JCETS é transformada em Direcção-Geral das Construções Escolares. Sobral Blanco mantém-se nela até à sua aposentação, em 1975. Nesta fase final, as orientações da tutela são menos apertadas que haviam sido as da JCETS, sendo permitida uma menor uniformidade tipológica. Para além disso, as inovações pedagógicas do final do Estado Novo reflectem-se numa outra concepção do edifício escolar, mais flexível, polivalente, e articulado. Em termos estruturais, esta fase é marcada pela criação do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário, e pela necessidade de projectar edifícios para esta nova unidade escolar.
A par com o trabalho nas construções escolares, que domina praticamente toda a sua vida profissional, Sobral Blanco mantém alguma actividade privada, nomeadamente na Galiza, sua terra natal. Dedica-se ainda à docência no Instituto Espanhol, actividade que mantém para além da sua aposentação como projectista da Direcção-Geral das Construções Escolares.
 

 

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