2011/02/17

Arquitectura escolar: percursos e obras (cont.)

Continuamos, neste espaço a prestar homenagem a arquitectos que, ao longo dos anos, foram enriquecendo o património escolar português.
Jorge Segurado (1898-1990) foi um dos arquitectos emblemáticos da Arquitectura Moderna em Portugal.
Licenciado pela Escola de Belas Artes de Lisboa, foi desde os anos 30 arquitecto da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Nesse período, realiza duas viagens que serão fundamentais para a introdução de novas linguagens estéticas em Portugal: em 1931, à Alemanha, com o seu amigo, o artista Mário Eloy, para visitar a Bauhaus; e no final da década, com António Ferro, aos Estados Unidos, onde projecta os pavilhões de Portugal em S. Francisco e Nova Yorque.
Pouco depois, em 1940, colabora na exposição do Mundo Português, tendo sido o arquitecto responsável pelas 'Aldeias Portuguesas'; e dirige, a partir de 1944, a instalação do Museu de Arte Popular, resultante da adaptação de pavilhões da Exposição dos Centenários.
Entre outras obras, foi o autor da Casa da Moeda, um dos exemplos maiores do modernismo arquitectónico português, e dos Estúdios da Tóbis Portuguesa, também em Lisboa.
Na segunda metade dos anos 50, projecta dois importantes conjuntos de arquitectura habitacional em Lisboa: na Av. do Brasil, os chamados 'blocos amarelos' do Montepio Geral, que ganharam essa designação informal devido ao seu revestimento azulejar amarelo vivo; e no cruzamento da Avenida dos Estados Unidos da América com a Avenida de Roma, os quatro blocos, semelhantes dois a dois, que definem a praça.
Jorge Segurado dedicou-se também à escrita, de que ficou testemunho em obra publicada, bem como à pintura e ao desenho, tendo realizado uma última exposição em 1983, na Galeria Diário de Notícias, em Lisboa.
No domínio da arquitectura escolar, projectou o edifício do Liceu D. Filipa de Lencastre, no Bairro do Arco do Cego, em Lisboa, inaugurado em 1938.
Este Liceu, que havia sido criado em 1928, funcionara em instalações provisórias no Palácio Corte Real, na Rua do Quelhas e, mais tarde, num edifício de habitação, à Estrela, onde se mantém até 1938.
Entretanto, tinha sido encomendado, a Jorge Segurado, o projecto de um edifício para Escola Primária, no bairro do Arco de Cego, com um programa de tal modo amplo que teria feito desta a maior escola primária do país. Este programa, porém, é considerado demasiado ambicioso. É então pedido ao arquitecto a reformulação do projecto, de modo a instalar o liceu D. Filipa de Lencastre, vindo este a tornar-se um dos edifícios liceais emblemáticos da capital.

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